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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
A detenção de Ho Chio Meng é uma tristeza, nunca se esperando que um homem à partida inteligente e bem preparado caia na tentação do vulgar larápio que não perde uma oportunidade. Mas para além de uma tristeza é também um cisma político, ético e moral de dimensões e consequências imprevisíveis para Macau.
Em quinze rápidos anos a voragem de meia-dúzia de bandalhos deu cabo de uma autonomia prevista para, pelo menos, mais cinquenta anos. Em vez de terem trabalhado para o seu aprofundamento e para o bem das gentes de Macau, andaram a trabalhar para eles próprios por todo o lado por onde passaram, inflacionando, especulando, poluindo, comissionando.
Dir-me-ão que aprenderam muito com alguns portugueses de má memória que por cá andaram, sim, eu sei, e com alguns outros que por cá pregam com a Lei Básica numa mão e o missal e um livro de cheques na outra, mas ao menos que tivessem respeitado o povo de Macau e a confiança e o empenho de Portugal e da R.P. da China na garantia da construção de um futuro melhor para os seus cidadãos.
Assim, quando tudo isto terminar, não ficará nada de pé. A autonomia de Macau, o segundo sistema, os direitos humanos, o oásis no estuário do Rio das Pérolas, os sonhos de todos, não passarão de uma miragem num sistema neo-colonial de prestação de contas ao cuidado de ovelhas e grilos falantes. Um desastre.