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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
O problema de algumas situações, como a que José António Cerejo dá conta nas páginas do Público, não é, como lhe chamaram os senhores juízes, a "falta de consciência da ilicitude". Num país como o nosso o mais comum é a "falta de consciência do esquema", que é a qualificação e a figura jurídica adequada para essas situações que decorrem do chico-espertismo nacional. De facto, se há umas coisas que só o coração alcança, há outras que não estão ao alcance nem deste nem da razão. E há, ainda, umas outras, como é o caso de toda a história relatada e o simples percurso "profissional" do rapaz, que só estão ao alcance do "esquema". Aliás, como é próprio de um país de esquemas, cunhas e compadrios.
Das poupanças nas PPP com que andaram a encher páginas nos jornais sabemos agora que só conseguiram 25% do anunciado, isto é, falharam em 75%. A TAP foi só a cereja no topo do bolo da escandaleira das privatizações. Não por haver empresas que foram e deviam ter sido privatizadas, mas porque havia muitas maneiras de privatizar e eles escolheram a pior, a mais desonesta, a menos transparente, refugiando-se agora nas trincheiras da Assembleia da República.
Quando leio hoje que "[a] Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) estará a ser pressionada por Bruxelas para que seja garantido, por todas as vias, que a TAP não acaba controlada por accionistas não-europeus" e que em causa "está a posição de David Neeleman, sócio minoritário do consórcio Atlantic Gateway, mas também os acordos comerciais, operacionais e financeiros que se têm estabelecido desde a privatização da TAP com outras empresas da esfera do empresário norte-americano", só me dá vontade de lhes dizer que foi pena não terem manifestado as suas preocupações antes, quando Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e o fedayin Monteiro andaram a fazer asneiras, à pressão, sem tomarem as cautelas necessárias para protecção dos interesses nacionais. Enfim, nessa altura é que os deviam ter espremido e avisado. Eles e os amigos safaram-se. Os portugueses ficarão com as chatices, com os prejuízos e com as suas contas mal enjorcadas.