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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Poucos, entre os quais não me incluo, conhecerão objectivamente as razões que ditaram o afastamento dos magistrados portugueses e de um oficial da PSP, creio, que estavam ao serviço em Timor-Leste ao abrigo da cooperação judiciária com aquele Estado. Por isso mesmo, não me abalanço a fazer juízos, nem a retirar conclusões apressadas sobre o que aconteceu. Mas parece-me cristalino que a reacção do Governo de Timor-Leste foi excessiva, ofensiva para Portugal e para a dignidade dos visados. As declarações de Xanana Gusmão, manifestando o seu espanto pela reacção portuguesa, só podem radicar no foro da ingenuidade, o que para um líder da sua estirpe e com a sua experiência será sempre difícil de engolir.
Para quem tem a sua vida organizada e cumpre uma função de interesse público, neste caso do interesse de Timor-Leste, convenhamos que uma ordem de expulsão com a amplitude e consequências daquela que foi tomada, para ser cumprida em 48 horas, e com acusações de incompetência à mistura, não é fácil de digerir.
E inaceitável na perspectiva do relacionamento entre dois Estados soberanos com relações de amizade e cooperação a diversos níveis, partilhando o mesmo património cultural e linguístico.
O primeiro-ministro timorense, pura e simplesmente, esqueceu-se do papel desempenhado por Portugal e pelos portugueses no caminho que foi cumprido desde a invasão indonésia até à proclamação de independência e consolidação do Estado timorense. Dizer que com a declaração de expulsão não se visou Portugal nem os portugueses, sabendo-se que estes seriam os primeiros atingidos, e sem pensar nas consequências, evidencia laivos de hipocrisia. As declarações subsequentes agravam esse sentimento. Deste modo, só posso manifestar a minha compreensão pelas palavras do primeiro-ministro português e aplaudir as declarações da ministra da Justiça sobre esta matéria. República das bananas mas não tanto. Nada de confusões.