Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Cinco minutos. Dez minutos. O tempo todo. Enquanto a espuma beija a areia quente do fim de Setembro. E nós aqui.
Um dia como os outros tornado diferente em meia dúzia de gestos. O calor, a luz, a cor dos sorrisos que nunca se perdem. O olhar cúmplice dos amigos. Ah, a vida. As coisas são mesmo assim: simples. Como um momento de felicidade. A dificuldade está em saber prolongá-la. Na distância.
"Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão."
Depois de muito matutar, creio que partilho do ponto de vista (implícito) dos meus amigos que auferem despesas de representação.
Em rigor, isto devia tudo funcionar apenas com despesas de representação. Qualquer que fosse o montante em causa. De preferência dedutíveis na totalidade em sede de IRS. Dez milhões de portugueses a receberem o salário mínimo e auferindo despesas de representação que incluíssem água, luz, as propinas dos filhos, o seguro de saúde, a renda de casa, a ajuda ao Banco Alimentar, o bilhete de época no Estádio do SLB, o carro, a gasolina, a conta do Elefante Branco e do Gigi e os copos em Bruxelas. De preferência pagas por uma ONG. Do Panamá. Gerida pelo Dr. Salgado ou por aquele senhor do Pingo Doce.
Maria Luís Albuquerque devia pensar nisto. O sonho de todos os portugueses é viver só com a representação. Só com o palco. Para poder colocar todo o salário em certificados de aforro. Numa espécie de modelo cor-de-rosa. Como as revistas. E com um cartão de crédito, de preferência dourado ou platina, dessa mesma ONG, que contasse milhas até se chegar ao pacote das Maldivas. Ou da Manta Rota. E depois com a reforma toda em despesas de representação. E em tacos de golfe e senhas para análises e ecografias. Lá chegaremos. O próximo passo, para já, será converter robalos, charutos e isqueiros Dupont em despesas de representação. E depois pedir pareceres à PGR sobre a qualidade do peixe, o grau de humidade dos charutos ou o nível de gás nos isqueiros.
Num país de grilos e cigarras, a formiguinha do O'Neill encarna sempre em artistas da representação. Nunca há mais ninguém disponível. O La Féria devia estar dopado.
(Público)
Espero que o ilustre vice-presidente do PSD não me inclua entre os portugueses que se habituaram a ter no primeiro-ministro um referencial ético e de transparência. Faço questão de sublinhá-lo porque sendo português não tenho, nunca tive, nem espero algum dia vir a ter referenciais éticos medíocres. Há coisas a que jamais me habituarei.
Agora que o processo das primárias do PS se aproxima do seu epílogo, e concretizada que está a inscrição de mais 7000 "simpatizantes", num universo global que atingirá cerca de 250.000 cidadãos, gostaria de aqui deixar algumas palavras antes de serem conhecidos os resultados finais:
1. Tal como muitos outros que se preocupam com o declínio da participação e dos níveis de militância nos partidos políticos, que em meu entender conduzem a uma deslegitimação dos partidos e uma desqualificação da própria democracia, desde há muito que também defendo a abertura dos partidos a não militantes.
2. No entanto, essa abertura deveria ser concretizada em termos suficientemente amplos de maneira a abranger o maior universo possível de cidadãos, mas ao mesmo tempo de modo a que, mantendo-se a separação de estatutos entre militantes e não militantes, não se despromovesse os primeiros em prol dos segundos dentro de uma instituição que daqueles depende.
3. Quanto ao processo em curso devo dizer que o considero incorrecto quer quanto ao tempo e ao modo como foram conduzidos, quer, ainda, quanto às consequências que o mesmo acarretará qualquer que seja o resultado que se venha a registar.
4. Em relação ao tempo, considero que o actual secretário-geral do PS teve três anos para avançar com a sua concretização e regulamentação sem ter tido necessidade de fazê-lo em cima do joelho, mais como reacção, por despeito, à situação desencadeada por António Costa, do que como consequência de uma acção convicta, devidamente maturada e oportunamente preparada.
5. Reprovo, igualmente, a excessiva prolação do processo de inscrição, no que não podia deixar de ser entendido por qualquer observador independente como uma tentativa de melhor controlar o processo de "arregimentação" de "simpatizantes".
6. Registo, ainda, a incapacidade quanto a este processo de um controlo efectivo das inscrições, de maneira a evitar-se que militantes de outros partidos pudessem participar nas primárias, cumulando o seu estatuto de militantes de outras forças com o de "simpatizantes" do PS. O factos dos cadernos serem divulgados não garante a não inscrição de militantes de terceiros partidos, sendo que teriam de ser estes a controlar que os seus próprios militantes não se inscreveriam neste processo das primárias. Trata-se de um controlo que será exercido, se for exercido, por terceiros, externamente, o que para mim é inaceitável.
7. Acrescente-se que a participação dos não militantes e a abertura do partido à sociedade poderia processar-se em termos tais que não fosse a decisão dos "simpatizantes" a impor-se à dos militantes. Pode ser que a vontade de uns e de outros se mostre coincidente, mas se não for, isto é, se a dos "simpatizantes" divergir e se impuser à dos militantes, qual será a consequência disto, como é que estes reagirão e avaliarão o seu estatuto?
8. Tal como defendi em várias reuniões que tiveram lugar no Algarve, numa delas com a presença de Jorge Seguro Sanches, o processo das primárias, desde logo para escolha dos candidatos às câmaras municipais, que a ter tido lugar nos termos por mim defendidos até poderia ter evitado mais uma humilhante derrota para o PS em Faro, entendo que a participação dos não militantes num processo do tipo das primárias não deveria ser decisivo quanto à escolha dos candidatos dos partidos, única forma de proteger o estatuto de militante (dos vivos, é claro).
9. A participação de não militantes num processo de abertura do partido à sociedade deveria ter lugar, primeiro, através da apresentação de um conjunto de nomes por parte do partido - candidatos -, susceptível de incluir militantes e independentes, que depois seria colocado à apreciação dos não militantes e que permitiria uma ordenação das escolhas que resultassem dessa consulta.
10. Aos militantes ficaria depois reservada a decisão final, num processo exclusivamente interno em que participariam os dois ou três nomes mais "votados" pelos não militantes, devendo aqueles decidir qual o nome que o partido deveria então apoiar e propor ao eleitorado.
11. Se fosse escolhido um candidato diferente daquele que tivesse obtido maior número de votos na consulta junto dos não militantes, os militantes assumiriam o risco e a responsabilidade da escolha, cabendo-lhes sempre a última palavra. Assim, tal como o processo está delineado e irá ocorrer, nada garante que não venha a surgir uma cisão entre a vontade do partido e a dos "simpatizantes".
12. Finalmente, lamento que num processo tão participado não tenha sido possível concretizar o voto electrónico, que apesar das críticas é utilizado em países como a Alemanha, o Canadá ou a Austrália, entre nós também por pelo menos um clube desportivo, e que também não seja permitido, nem aos militantes nem aos outros que se inscreveram, votar no local onde estiverem no dia do escrutínio, que poderá não ser o mesmo em que se inscreveram, mediante a apresentação do seu documento de identificação e do cartão de militante. Já nem falo do voto por antecipação. Na era da informática, num país e num partido que até foi responsável pela concretização do passaporte electrónico, do cartão do cidadão e de um Citius que até há pouco funcionava e serviu de exemplo e modelo para outros países, é pena que não se tenha aproveitado esse saber e experiência num processo como o das primárias.
As questões não são tão simples quanto a pressa de colocação no terreno deste processo possa aparentar. Perdeu-se uma boa oportunidade para se criar um processo que pudesse inovar e servir de modelo a outros partidos. Apesar disso, espero que não se perca a hipótese de discuti-lo e de melhorá-lo, levando a discussão sobre matérias que a todos interessam até onde mais gente possa inteirar-se das questões e manifestar-se. Porque esta é uma discussão que diz respeito a todos os partidos e a todos que se preocupam com a saúde da democracia, independentemente dos calendários eleitorais e das regulares lutas de capoeira onde muitos - e não só de Lisboa - ainda se revêem.
Uma coisa é certa: pela parte que me toca não apoio projectos sem "c". Mas não deixa de ser triste ver que um tipo milita mais de trinta anos num partido e depois conclui que só com ele é que o socialismo irá, finalmente, "rumar" às pessoas. Não deve ser fácil andar tantos anos à deriva no meio dos animais. Mesmo quando se foi deputado e membro do Governo é preciso ter estômago para aguentar tantos anos a ruminar no meio deles. E ainda por cima de Lisboa.
"Em fevereiro de 2013, João Miguel Barros, chefe de gabinete da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e homem da sua confiança pessoal, bateu com a porta e avisou que o Citius e outras plataformas informáticas iriam comprometer o arranque do novo mapa judiciário.
Na altura, as verdadeiras razões da demissão permaneceram no segredo dos deuses. Hoje, o DN sabe que a saída se deveu ao alerta do chefe de gabinete de que era necessário rever urgentemente o sistema de informação dos tribunais."
No dia em que o João Miguel se demitiu fiquei apreensivo. Porque sabia o trabalho que tinha entre mãos e há muitos anos lhe conhecia o empenho naquilo em que apostava e a sua capacidade de realização. Na altura, sem querer desvendar razões, limitei-me a mandar-lhe um sms com um abraço amigo e disse-lhe que esperava que tivesse sido por boas razões. Ele confirmou-me que tinha sido pelas melhores razões e acrescentou mais duas palavras que a mim me dizem muito, mas que me abstenho de reproduzir, sem me dizer o porquê da sua decisão. Também nunca o questionei sobre isso. Não tinha esse direito. Porque a despeito das divergências políticas há coisas que devem ficar só entre pessoas que se estimam e compreendem. Aos poucos, pelos textos que publicou no Expresso, fui percebendo melhor o filme. O que o DN revela agora só veio confirmar-me o que há muitos anos penso do João Miguel. Há valores que estão acima de nós, que estão para lá da amizade e da política, e que é preciso continuar a respeitar, preservar e transmitir às futuras gerações. Para lá da circunstância de cada um de nós. A lealdade é um deles. Para com os que nos rodeiam. Em especial para com a nossa consciência.
O problema da senhora, como se depreende das suas palavras, é não ser capaz de distinguir a pobreza da mendicidade profissional. Sendo coisas diferentes, ambas devem ser combatidas, mas infelizmente a criatura não as distingue e depois sai bojarda.
A política, da ministra das Finanças e do vice-primeiro-ministro, é um caso grave. A culpa até pode ser dos consumidores. O que já não é culpa destes é que durante todos estes anos tenham sido obrigados a apertar o cinto para os Coelhos, os Cavacos e os Salgados receberem acima das suas possibilidades e competências. Há um momento em que é preciso substituir, fazer obras, renovar, sob pena do carro velho de dez anos se espetar, de chover dentro de casa ou da humidade se instalar nos guarda-fatos, além de que ninguém gosta de ir trabalhar com os fatos coçados. Confundem consumo com necessidade da mesma maneira que fazem contas, daí que em tão pouco tempo já não tenham dedos para contar os orçamentos rectificativos a que deram luz.
1. Espero que os portugueses continuem a seguir com atenção o trajecto político de Marinho e Pinto. Admito que não seja fácil, tal a rapidez com que troca de fato e aparece num novo facto. Se há coisa que um cata-vento político mantenha é a coerência. Sempre a girar, nem dá tempo para avisar.
2. O Sol titula na primeira página de hoje que "Seguro prepara surpresa" e acrescenta que o secretário-geral do PS tem na manga uma "avalancha de entradas nos últimos dias". Aguardo confirmação da cartada. Oxalá que nenhum dos novos esteja já morto e que essa avalancha de entradas não seja mais um acto de homenagem dos sobrevivos. Pensava que a decisão de um indivíduo se inscrever como simpatizante ou militante de um partido era um acto solitário, uma decisão individual, eminentemente livre e racional, tomada no último reduto da solidão, no fundo da sua consciência. Tretas.
3. Carlos Moedas diz que lhe entregaram uma pasta "chave para o crescimento da Europa", depois do novo presidente da Comissão ter dito que as pastas chave foram entregues a mulheres. Não discuto pastas em função do sexo, matéria em que quer Junker quer Moedas estarão mais à-vontade. Penso, sim, que Moedas tem uma boa oportunidade para demonstrar que é bem melhor do que aquilo que aparentou ser no Governo de Passos Coelho. O interesse nacional obriga a que lhe seja dado o benefício da dúvida.
4. O trabalho efectuado tem sido registado. A disponibilidade e vontade de melhorar idem. E pessoalmente só tenho a dizer bem de quem lá trabalha e ali me tem atendido. De qualquer modo, não deixa de ser irónico que seja o antigo chefe de gabinete de Miguel Relvas a dar conta da situação a que se chegou no Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong: menos "treze funcionários nos últimos dois anos (incluindo uma chefia)" e dificuldades "materiais – com estações de tratamento de dados biométricos continua e reiteradamente avariadas – a acrescer à questão de 2014 ser justamente o primeiro ano coincidente com a renovação obrigatória dos documentos de identificação". Fica mais claro porque renovar um cartão de cidadão ou tirar um passaporte leva vários meses. A redução de funcionários não constitui novidade. A recorrência nas avarias da estação de tratamento de dados biométricos sim. Está visto que o secretário de Estado José Cesário, apesar das constantes viagens que faz a Macau, não é o homem indicado para efectuar as reparações nos consulados. Sabe-se que o MNE vive noutro mundo, mas Passos Coelho podia já ter compreendido isso. Perceber de canos não é o mesmo que saber de circuitos de alta tecnologia. A Cesário não se lhe pode exigir mais.
Depois de ler as prosas deste deputado da Nação (o Expresso é uma garantia de serviço público) a propósito da silly season, de assuntos diversos, do BES, e de mais uns quantos temas, fiquei satisfeito por saber que tinha o ensino secundário completo.
Confirmei-o depois pela sua página no site do Parlamento. E fiquei esclarecido: um tipo que já passou os trinta anos, que tem por profissão estudante, que não concluiu a licenciatura e já frequenta o mestrado, sendo deputado em duas legislaturas, pelo CDS-PP, é garantia de que alguns exemplos recentes terão continuidade à direita do espectro político. Primeiro faz-se carreira na política; depois, um dia, se houver tempo, quando o partido for oposição, adquire-se uma profissão - gestor, administrador de empresas, empresário - e, com sorte, também as habilitações académicas necessárias aos cargos que se desempenharam. Um dia será ministro, se entretanto não o fizerem embaixador. Um país às direitas.
Confesso que não tendo que viajar na Lufthansa nos dias que correm me dá um certo gozo ver os nossos germanófilos de pacotilha, que levam a vida a desancar nos pilotos portugueses e nos trabalhadores da TAP, ficarem pendurados, várias vezes no mesmo ano e às portas dos fins-de-semana, por causa das greves na Alemanha. Quando não são os controladores são os pilotos. Como agora. Para quem se queixava das leis portuguesas e dos sindicatos comunistas, como os nossos magníficos empresários que vivem pendurados no Estado e no clientelismo político-partidário e não descansaram enquanto o senhor Passos Coelho não lhes fez a vontade de alterar a legislação laboral, nada melhor do que vê-los resmungar entre dentes com os incómodos provocados pelas sucessivas greves no paraíso de Angela Merkel.
O adjectivo é sempre forte, mas não vejo como qualificar toda esta novela em torno de Hollande. A forma como os envolvidos resolveram abrir a porta da lavandaria só podia dar aso ao comentário de Marine Le Pen. Nem Ségolène escapou. Homens da craveira de um Anatole France, de um Mendès-France ou de um De Gaulle, devem andar aos trambolhões na tumba ao verem a República entregue a figuras de banda desenhada. Já não chegavam Chirac e Sarkozy. Ainda faltava um Hollande. A França merecia melhor. Muito melhor.
A propósito da divulgação não autorizada de fotos e vídeos sacados de um servidor virtual, penso ser assim que se diz, o jornal i colocou esta manhã na sua primeira página a pergunta que todos devem fazer: "Punha num servidor algures e de borla as fotos da sua intimidade?".
Não discuto o direito que cada um tem de tirar fotografias e de fazer vídeos em pelota, nas mais variadas posições e com os parceiros que muito bem entender, fazendo o que muito bem lhe apetecer. Isso faz parte da vida de cada um, da sua esfera privada, da sua intimidade.
Como não discuto que haja gente mais ou menos narcísica, que gosta de se admirar em fotos, em filmes, fazendo poses, dando cambalhotas ou exibindo as suas protuberâncias. E não faço distinção entre novos e velhos. Cada um é como é. E pode ter os gostos e hábitos que entender, mesmo que não sejam saudáveis na perspectiva de quem vê, desde que essa seja a sua opção, a escolha seja consciente e responsável e os seus gostos ou vícios privados não contendam com a minha liberdade ou não interfiram com a vida de terceiros. A mim, mesmo sendo um "conservador social-democrata liberal de esquerda não-marxista", seja lá o que isso for ou o rótulo que me ponham, nada me escandaliza. A vacuidade, a ignorância e a estupidez sim, incomodam-me. Mas quanto a isso também pouco posso fazer relativamente aos outros, ainda que em relação à minha pessoa tenha a obrigação de exigir mais e melhor, informando-me e procurando cultivar-me.
Se me perguntarem se acho bem que cada um faça o que lhe apetecer, acho óptimo, sendo-me indiferente o que fazem desde que não me perturbem. E se quiserem andar nus pelas nuvens e arquivar na rede os seus orgasmos para mais tarde recordarem é problema deles. Mas, respondendo à pergunta que o i sensatamente coloca, a minha resposta seria obviamente não, mesmo que no meu íntimo sentisse uma incontrolável necessidade de me fazer fotografar com Isabella Ragonese para não me esquecer de como era a diva e fazer sucesso junto dos amigos. A não ser, hipótese que admito, que confiasse cegamente nas novas tecnologias e tivesse interesse em entregar a guarda das minhas intimidades a terceiros que desconheço quem sejam, nem o que podem fazer com a minha informação.
Por muito retrógrado que seja, uma coisa é guardar artigos científicos na nuvem, outra será ser famoso e andar nu pela nuvem, quer dizer, pela casa, aproveitando para conviver com quem aparece, sem saber quem tem acesso à "casa", isto é, à nuvem, nem quando nem como, sempre com as janelas escancaradas e a luz acesa. E outra, ainda bem diferente, será ir para a janela em pêlo para ver a vista e aproveitar para mostrar as mamas e o rabo, fazendo de conta de que não há vizinhos, que na rua não passa ninguém, que ninguém boceja nas varandas ou que não aproveita o momento para tirar fotografias ao pôr-do-sol.
De qualquer forma, em conclusão, e porque me limito a expressar o que penso sujeitando-me naturalmente à crítica, e independentemente de há muitos anos ter escrito e defendido a introdução da cidadania digital, acabando com o anonimato na rede e tornando-a num espaço efectivo de liberdade e responsabilidade, entendo que todas as violações da privacidade devem ser severamente punidas, mas que quem quiser defender a sua terá de ser o primeiro a protegê-la, não se expondo ao voyeurismo alheio e não colocando a sua estupidez à mercê da intromissão de terceiros. Enquanto for possível andar nu e invisível pela Internet será difícil proteger a privacidade de quem nela se expõe, também a de cada um de nós, que é como quem diz a nossa própria liberdade. Ricos, famosos, exibicionistas e estúpidos incluídos, que nessa matéria, como em quase tudo nesta vida, não faço discriminações.
P.S. Penso que por aqui também respondo a quem há dias, a propósito de um comentário a uma entrevista de um companheiro de blogue, perguntava qual era o meu sentido da liberdade. Em termos resumidos é o que aqui fica.