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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Não há nada como um bom estampanço para o povo voltar à realidade. As fragilidades daquele grupo desconjuntado a que chamam selecção nacional são postas a nu de cada vez que tocam na bola. O jogo contra os EUA confirma a sofrível qualificação para o Mundial e a necessidade do treinador e dos jogadores começarem a frequentar barbearias para homens. Aquelas osgas que hoje se passearam por Manaus, com cortes de cabelo terceiro-mundistas e que só arrancavam quando um mosquito as estimulava, mostraram à evidência que uma equipa de futebol não se constrói na base de convicções e com afirmações patrioteiras e inconsequentes de orgulho nacional. Têm técnica, têm estatuto, têm chuteiras personalizadas, mas continua a faltar-lhes um bom barbeiro. Um tipo que lhes faça a barba e o cabelo numa cadeira das antigas, com uma tesoura bem afiada para lhes cortar as melenas da cagança, e que no fim lhes lave a fronha com aftershave tradicional, daquele com muito álcool que lhes faça arder a pele, antes de lhes esfregarem com um bom creme amaciador e os mandarem para a luta. Enquanto continuarem a tratar a selecção nacional e os seus jogadores como umas meninas finas de casa de alterne para empreiteiros ricos, dando-lhes lençóis de seda, oferecendo-lhes massagens e condescendendo com as suas birras, dificilmente farão na selecção nacional o que já mostraram ser capazes de fazer nos clubes. Por muito que treinem, se não houver um líder com coragem, com preparação, com visão e arrojo, é impossível construir o que quer que seja. Seja na Federação Portuguesa de Futebol, seja na selecção ou no governo do país. A sorte por vezes ajuda, mas é preciso ir buscá-la. E como milagres já não há, sugiro que quando despacharem o Paulo Bento comecem por arranjar um bom barbeiro, para homens, e que saiba de futebol para lhes ir dando umas sabatinas enquanto usa a navalha. Vão ver como eles crescem num instante.