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silêncio

por Sérgio de Almeida Correia, em 24.03.14

Um minuto respeitado na íntegra. Em memória de dois ilustres benfiquistas. A um deles a democracia portuguesa ficou a dever o que ainda hoje os portugueses não reconhecem. José Medeiros Ferreira certamente que se teria revisto naqueles quase cinquenta mil que num silêncio caloroso e apertado o saudaram, e que no final festejaram mais uma grande exibição da sua equipa favorita. Fiquei feliz por lá ter estado.

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merceeiros

por Sérgio de Almeida Correia, em 19.03.14

"Um manifesto escrito na pastelaria. Está tudo dito."

Pobre Almada, pobre Pessoa. Os cafés e pastelarias de Lisboa nunca viram parir nada de útil. O ideal seria "essa gente", como disse o primeiro-ministro, ter reunido numa mercearia fina. Ou, quem sabe, numa peixaria dos Supermercados Pingo Doce. Sempre tinha outro perfume.

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mancha

por Sérgio de Almeida Correia, em 15.03.14

Não é bonito ver uma fantástica vitória em White Hart Lane manchada por atitudes deste calibre. O Benfica é suficientemente grande para dispensar este tipo de atitudes. Como benfiquista e apreciador do fair-play de um Eusébio ou de um Coluna não podia deixar de manifestar o meu desagrado. Os campeões têm de saber ganhar e não podem prestar-se a equívocos manhosos.

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dilema

por Sérgio de Almeida Correia, em 14.03.14

Perante a agitação que grassa em Portugal face ao "Manifesto dos 70", ao mesmo tempo que estão todos calados sobre o veto do PR - aliado número um de Passos Coelho e de Maria Luís Albuquerque no processo de empobrecimento colectivo -, fico na dúvida sobre se na perspectiva das hostes do Governo, dos partidos da coligação e do seu rebanho, causa mais sarilho nos mercados e na reputação do país, como eles gostam de dizer, o tal manifesto, se o veto presidencial por causa do financiamento da ADSE, às portas da última avaliação.

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policarpo

por Sérgio de Almeida Correia, em 13.03.14

 

Sendo um homem de fé, sou por natureza e feitio anticlerical. Mas habituei-me a ouvir e a respeitar D. José Policarpo. Um homem que soube projectar uma outra dimensão da Igreja portuguesa, pontuando o seu discurso pela lucidez. Sinal da sua atenção aos problemas do seu tempo e que, ao contrário do que alguns teimam em rejeitar, são também os do seu templo. Marcou a sociedade portuguesa com a oportunidade da sua intervenção cívica, com a autoridade do conhecimento e da razão, e tentou renová-la à medida das suas possibilidades. Muitas vezes discordei do clérigo, poucas do homem, porque respeitar é também compreender o outro na discordância. Talvez que o facto de ser um fumador contribuísse para marcar a diferença num mundo que aceita sem resistência o cada vez maior número de espartilhos à liberdade individual em nome de uma sociedade asséptica e amorfa. D. Jorge Ortiga diz tratar-se de um acto normal por D. José ter atingido o limite de idade. Eu acredito que sim. Só que nos dias que correm a sua carta de renúncia, sendo aceite, deixará este país mais pobre. Com menos uma voz como a dele não será só a Igreja a perder. Perdem todos. Ateus e agnósticos incluídos. Pela simples razão de que a humanidade não tem credo, cor, raça, ideologia ou sexo, e depende de homens como ele.

 

Ao que neste blogue escrevi em 18/02/2011 não retiro uma vírgula. Lamento, sim, que o tenham chamado tão cedo, mas faço votos de que também lá em cima lhe estejam reservadas tarefas que façam jus à dimensão do homem que foi.

 

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manifesto

por Sérgio de Almeida Correia, em 12.03.14

Os comentários do primeiro-ministro e do ministro Poiares Maduro ao manifesto mostram a distância que vai da ideia ao projecto, e desta à realidade. Daí que, ao verificar-se que no grupo de subscritores aparecem os nomes de dois conselheiros do próprio Presidente da República, mais um catedrático e ex-reitor que foi mandatário de Cavaco Silva no Algarve e ali responde pelo Banco Alimentar contra a Fome, mais uma mão cheia dos melhores economistas portugueses e gente com o estatuto de um Adriano Moreira, de um Bagão Félix, de uma Ferreira Leite, de um João Cravinho, de um Ricardo Bayão Horta ou dos presidentes da CIP e da CCP, talvez se perceba porque não conseguiu Passos Coelho transformar a Tecnoforma, com a sua brilhante gestão, num "player" do mercado.

O histrionismo é um mal que não se confina às fronteiras da Coreia do Norte e é capaz de se manifestar, como se vê, no mundo ocidental pelas mais diversas formas.

Não sendo especialista em coisa alguma, e limitando-me a olhar para a realidade com os olhos de quem quer apenas ver sem a pretensão de querer que os outros usem as mesmas lentes, creio que Pinto Balsemão disse em poucas palavras tudo o que havia a dizer sobre a reacção de Passos Coelho: "reestruturar a dívida é, muitas vezes, um acto de boa gestão das empresas". Quem diz das empresas também diz do país.

Uma simples frase que, conjugada com o que se viu já e se sabe do longo e brilhante passado empresarial do primeiro-ministro, explica o credo e a capacidade de liderança do primeiro-ministro.

Passos Coelho é presidente do PSD. Um partido que se reclama, diz ele, da social-democracia, embora isso não tenha qualquer correspondência na prática política. Mas se tivesse o mesmo discurso estando no PCP ou num qualquer partido da esquerda radical ninguém estranharia. Em 1975 havia quem quisesse afundar-nos a cantar o "venceremos". Em 2014 temos um primeiro-ministro que quer afundar-nos a cantar o "não reestruturamos".

E é isto, apenas isto, que basta para mostrar a insensatez do caminho que nos quer obrigar a percorrer nos próximos trinta anos. E diz tudo sobre a sua cega agenda e irracional ortodoxia neoliberal ("we define neoliberalism as a utopian theory and elite-poltical project that proposes that 'human well-being can best be advanced by liberating individual entrepreneurial freedoms and skills within an institutional framework characterized by strong private property rigths, free markets, and free trade", Harvey, citado por Ferdi De Ville e Jean Orbi, 2014, British Journal of Politics and International Relations, Vol. 16, 149-167).

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stones

por Sérgio de Almeida Correia, em 10.03.14

 

Don't need a whore
I don't need no booze

Don't need a virgin priest
But I need someone I can cry to
I need someone to protect
Making love and breaking hearts
It is a game for youth
But I'm not waiting on a lady
I'm just waiting on a friend

(Waiting on a Friend, Jagger & Richards)


Do rock´n roll diz-se que nunca morrerá. Previsão que, por muitos anos que o Senhor ainda entenda me dar, e que espero não desmerecer, dificilmente poderei vir a comprovar. Enquanto aguardava a minha vez, no concorrido McSorleys´s, veio-me à memória a lembrança de há quase onze anos quando um amigo teve a gentileza de me dispensar os seus dois bilhetes, que tarde e a más horas fui levantar, 300km depois de sair do escritório, para poder ir a Coimbra festejar o meu aniversário “com” os Rolling Stones. Não me passava pela cabeça que em 2014 seria espectador de mais uma digressão da banda que no ano em que nasci tocava “gigs” nos arredores de Londres. Menos ainda pensaria, alguma vez, assistir a um espectáculo com ar condicionado e lugares marcados desde Dezembro do ano passado, como se fosse assistir a uma conferência, onde todos os espectadores são obrigados a passar pelos corredores de mármore, os tapetes e os lustres de um centro comercial e de um hotel de cinco estrelas pintado com cores e tons do período áureo de Veneza.Tirando esses pormenores, que um dia farão parte da memória de quem os viveu, a minha vida acompanha a dos Stones há mais ou menos cinco décadas. Ou seja, praticamente desde que passei a ter um lugar à mesa dos meus pais com direito a faca, garfo e todo o resto do arsenal. Depois tive a sorte, como muitos dos que me lêem, de pensar que estava apaixonado ao som de Angie, sem saber se gostava mais da miúda que nunca mais vi depois desse dia, se da música a cheirar a combustível debitada por uma velha aparelhagem numa das muitas festas de garagem que encheram a minha década de Setenta. E pela vida fora, fosse a propósito de mais um disco, de um filme de Scorcese ou de uma pintura de Wharol, os Stones passaram a fazer parte do meu círculo familiar e de amigos, convivendo com todos nós em papel couché, algodão, autocolantes rafeiros, vinil, cassetes, cd’s, dvd’s e, mais recentemente, numa coisa chamada mp3. Era, pois, natural que a expectativa fosse grande no momento em que a banda celebra os seus cinquenta anos de carreira e se adivinhava a oportunidade, surgida por mero acaso e fruto das voltas que a vida teima em dar, de reencontrar Mick Jagger e a sua gente na que, desde a noite passada se tornou, quer queiram quer não, na “mítica” Arena do Cotai. Sim, porque depois do que alguns milhares de pares de olhos e ouvidos acompanharam, o concerto de Macau da “14 On Fire” tour já faz parte da história dos Stones e dos seus seguidores.

Ainda mal refeito dos poderosos acordes da Sinfónica de Londres e da “Titan”, de Mahler, dois dias depois, ao início da noite, o avião dos Stones aterrava na pista do Pac-On, enquanto a banda undercover despachava num hotel do Cotai. Sim, porque no dia seguinte, o discretíssimo Charlie Watts resolveu visitar, sem se fazer anunciar a, talvez a mais, acolhedora catedral gastronómica da Taipa. Lugar onde o nosso amigo João Carvalho tantas vezes fazia questão de ir. No dia seguinte seria a vez do próprio Mick Jagger seguir-lhe os passos.

N’ “O Santos”, do qual também se dirá um dia que é como o rock’n roll – “it’s only food, but I like it” – não consta que haja nenhum exemplar de Aftermath ou de Sticky Fingers, nem mesmo de Some Girls, e talvez por isso mesmo é que o alinhamento das músicas não tenha sofrido grandes alterações relativamente ao concerto do Tokyo Dome. Sabia-se que pelo menos uma das músicas que iria ser tocada resultaria da votação do público, pelo que a Cotai Arena viu arrancar, logo a seguir às explosões do vermelho, êxitos como Jumpin’Jack Flash, You Got Me Rocking e It’s Only Rock ´N´Roll, a que se seguiram Tumbling Dice e Wild Horses (em Tóquio fora Ruby Tuesday).

À medida que o pavilhão aquecia e as cadeiras começavam a vibrar e a mexer-se, seguindo a euforia da zona vip, por onde Jagger incansável já circulava, entraram canções como a mais recente Doom and Gloom, e logo depois Gett of My Cloud (votação do público) e Honky Tonk Women, antes de se iniciar numa sequência que fez transbordar a timidez do público. Slipping Away, com Keith Richard e o convidado Mick Taylor a tomarem conta da audiência, antecedendo o disparo de Before They make Me Rub, Midnight Rambler e Miss You.

A partir daqui, um concerto que já era magnífico pelo som e pela cor, passou à categoria de inolvidável, tomando por boas as opiniões de quem viu os Stones, em Londres, Alvalade, Coimbra, Madrid, Hong Kong, Sidney e em muitos outros locais.

Foi então tempo de ouvir a mais bela canção alguma vez tocada ao vivo pelos Stones, numa performance encomendada aos deuses. Paint It Black, uma marca em qualquer concerto dos Stones graças à magia de Richards e ao sempre surpreendente arrebatamento de Jagger.

A partir daí seria impossível voltar atrás. O comboio seguiu ao som de Gimme Shelter, Start Me Up, Sympathy For the Devil e Brown Sugar, antes das despedidas com You Can´t Always Get What you Want, acompanhado pelo coro da Hong Kong Chinese University e uma versão arrebatadora de (I Can’t Get No) Satisfaction, com o agora incontornável Mick Taylor a recordar despiques de outros tempos.

Tal como a fulgurante Deneuve, perante os olhares indiscretos do New Yorker Magazine, aos setenta anos só os grandes se arriscam manter-se em palco, enfrentando sem medo os focos nas rugas e nas sombras que o tempo teceu. Sem playback, com o corpo, a voz e as mãos que Deus lhes deu. E os Stones provaram, se é que alguma coisa havia a provar, que, qualquer que seja o salão onde actuem, não esquecem a sua condição de banda popular, fazendo questão de sublinhá-lo de forma fulgurante. No fim, as rolhas de Dom Pérignon que o Café Deco e a sua banda fizeram saltar, prolongando o concerto noite fora, não celebravam o final de uma noite perfeita. Elas expressaram a esperança de que um dia voltem. Se não for pela água do Lilau, então que seja pelas amêijoas do Santos. E se não for para cantar, que seja para nos contarem as suas memórias. Quem tão bem recebe quem de tão longe vem, sem nada lhe pedir em troca, sabe que não vale a pena medir o tempo. Vista da Lua, a muralha fala por si. Em português, mandarim, cantonense ou inglês, os Stones rolarão pela eternidade.

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macau

por Sérgio de Almeida Correia, em 07.03.14

 

Mas? ¿tú? ¿Volver? Regresar no piensas,
Sino seguir libre adelante,
Disponible por siempre, mozo o viejo,
Sin hijo que te busque, como a Ulises,
Sin Ítaca que aguarde y sin Penélope
Peregrino, Luís Cernuda (1902-1963)
 
Voltar a reconhecer uma cidade é como voltar a pensá-la. Para pensar uma cidade, como se pensa a liberdade, é preciso tê-la conhecido antes de a podermos reconhecer no presente. É preciso senti-la, percorrê-la como se fosse o corpo de uma mulher que se descobre, apaixonarmo-nos sem remorso. Ou, como as amizades juvenis que se tornam em amores tardios, ter a noção dos seus contornos antigos, da forma como evoluiu e se tornou adulta. Macau é hoje uma cidade que não cabe no seu corpo. Como um corpo volumoso que sendo incapaz de manter a elegância tenta que a voluptuosidade de outros tempos disfarce a fealdade recente que à viva força quer acomodar num tailleur de Dior, depois de durante anos andar enfiada em calças de Lycra.
A liberdade sente-se. A liberdade respira-se. A liberdade é uma realidade tangível mesmo para quem não consiga defini-la. E mede-se por parâmetros que conjugados nos dão uma ideia sobre a sua profundidade e amplitude. Do mesmo modo que uma cidade. E tudo o que em termos individuais nos apega à liberdade reflecte-se no modo como vivemos uma cidade.
Não há cidades livres onde os seus cidadãos não se sintam livres, onde a sua vida seja submetida a constrangimentos insuportáveis ou a moinhas recorrentes, onde a sua liberdade de movimentos se sinta oprimida pela desvalorização da sua qualidade de residentes, de amantes que com ela partilham o corpo e deixam de neste se reconhecer, como se de repente se transmutassem num corpo estranho dentro daquele que por amor lhes pertence e com o qual se habituaram a conviver.
Não há cidades livres, cosmopolitas ou de turismo onde os seus cidadãos não se sintam livres. Onde o ar que respiram, a fluidez dos seus caminhos, a arrumação dos seus passeios ou a liberdade de movimentos não sejam os elementos essenciais da qualidade do sangue que os percorre.
Um espaço tem de se sentir organizado para que quem o habita saiba quais são as suas medidas. Para que um fato de bom corte confeccionado com os melhores tecidos não descaia nos ombros, nem encolha com as primeiras gotas de água, deixando à vista de todos as suas insuficiências, as costuras mal cosidas, as pregas inconsequentes, as entretelas de má qualidade.
Esta não foi a cidade que conheci. Não lhe reconheço os espaços onde o meu corpo se habituou a anichar-se. E sinto-lhe hoje o peso do ar nos caminhos que percorro, a gordura misturada no seu sangue, entupindo as artérias, numa organização sem sentido de um espaço cuja agradabilidade se liberta num qualquer postal.
Voltar a pensar Macau é voltar a torná-la livre. Para quem nela vive e para quem chega. É voltarmos a apaixonarmo-nos pelas suas curvas, pelos contornos que o tempo lhe deu. É convocarmos um laborioso costureiro, um estilista sensato e sensível, que pela arte e pelo gosto lhe construa uma segunda pele, onde a textura de um corpo ainda jovem possa voltar a brilhar, sem protuberâncias estranhas e desconsoladas.
A pureza do seio farto e acolhedor que se descobre não pode ser ofuscada pela marca da fuligem que escapou da manápula suja de quem a percorreu. Um curto momento de deleite não pode ser transformado numa viagem prensada entre dois espirros e uma pisadela, numa correria sem sentido e infrutífera atrás de um indisposto e rude taxista, onde a simples procura de um lugar para parar não seja transformado num passatempo de pobres sem abrigo.
A opulência de um porto, a qualidade de vida de uma cidade, a riqueza de uma região, vê-se no rosto de quem aí trabalha, de quem aí circula, de quem vive os seus espaços, de quem aí ama e se deixa amar. Como Veneza num retrato de Morris.
Quinze anos volvidos, Macau é uma amante que precisa de atenção. Que não pode ser tratada como a concubina de quem governa, ou emprestada a quem chega para dela se servir.
Os diamantes são eternos, dizem. A paixão, por muito infinita que seja no verso do poeta, sabemos todos que não dura mais do que o tempo de uma vida. E a liberdade, esse corpo com o qual todos gostamos de nos envolver e sem o qual não podemos passar, não pode ficar prisioneira de um cheque amarelecido com o tempo. Macau precisa de um amante que olhe para ela, que circule com ela, que a envolva e lhe devolva o conforto à sua pele.

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transcendência

por Sérgio de Almeida Correia, em 06.03.14

Entre o céu e a terra. Sem saber para onde derivar o olhar, enquanto aguardava, senti as costas confortavelmente coladas, como quem prepara uma descolagem. Nesta terra, onde a noite nunca chega a ser noite, o cinzento não ficou azul. Porque a cor perder-se-ia no brilho dos néons que reflectem no céu as gotas que o iluminam. Mussorgsky passou depressa, e enquanto Pétrouchka preparava o caminho para a explosão, senti um frémito percorrer-me os músculos. Daniel Harding e a London Symphony Orchestra proporcionaram o reencontro. Entre o céu e a terra, ali, sozinho no meio do mundo, sentindo-a a meu lado, por momentos vagueei pela transcendência.

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gaspar

por Sérgio de Almeida Correia, em 01.03.14

Continuo a pensar que ver portugueses em lugares de destaque em instituições internacionais é bom para os próprios e para o País. E é natural que os melhores técnicos sejam contratados. De qualquer modo, ao saber da notícia de que o ex-ministro das Finanças vai assumir um lugar no FMI de aconselhamento sobre finanças públicas e assuntos fiscais de países membros dessa organização, não posso deixar de pensar, face às declarações de madame Lagarde, se essa escolha, tão pouco tempo passado sobre a demissão de Gaspar fará sentido. Caso semelhante já se tinha passado com Manuel Pinho com uma cátedra nos USA subsidiada por uma empresa anteriormente dependente do ministro. Em causa não está o mérito dos escolhidos. Era importante, sim, saber, ainda que apenas numa perspectiva ética, qual o período de nojo que em política deve ser considerado razoável para se regressar à actividade política - casos de José Sócrates, como comentador televisivo, ou de Miguel Relvas, como conselheiro nacional do PSD -, ou para que alguém possa ir trabalhar, ser pago ou beneficiar dos apoios, contrapartidas ou salários, de uma entidade que pouco tempo antes negociava com esse mesmo contratado. Mesmo que não seja esse o caso, e não creio que o seja, na opinião pública pairará sempre a ideia de que se tratou de um pagamento de favores. E isto não é bom nem para o contratado, nem para a imagem das instituições. Em especial, neste último caso, para o governo de onde se saiu. Que por acaso, e talvez mesmo só por acaso, é o Governo de Portugal.   

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