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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Dia de Natal. A deslocação concretizou-se hoje. Tinha-a programado no primeiro minuto que soube da sua visita. Começámos por subir a escada larga do Rossio onde somos recebidos por um par de sorrisos que nos oferece um pequeno prospecto anunciando a aproximação à imagem que se acredita ter sido de Simonetta Vespucci. Sobre um mármore impecavelmente luminoso penetramos na sala que, por um largo corredor, nos transporta até à Florença renascentista. Primeiro é o próprio retrato de Botticelli, depois o de Rafael, a seguir vejo a imagem de Leonor de Toledo com seu filho Giovanni di Mantua num retrato imortalizado por Agnolo Bronzino. De caminho ainda me posso deliciar com as imagens da Madonna e Criança com Oito Anjos, com La Calumnia, com Madonna Magnifica, Criança e Cinco Anjos, com Il Porcellino de Pietro Tacca e o Nascimento de Vénus. Uma viagem que à medida que avançava se ia tornando esplendorosa pelas recordações que trazia à memória. Com excepção do Porcellino, junto do qual, assim que me abeirei fui convidado a esfregar o focinho não fosse a boa estrela não querer nada comigo, tudo o resto eram fotografias em tamanho real que preparavam o caminho até Vénus. De relance a recriação da Piazza della Signoria e eis que entramos na sala escura onde ela nos recebe. Apenas alguma luz marcando-lhe as formas voluptuosas. Ali estava ela em toda sua beleza. Tal qual como Sandro a vira. I Uffizi ou a Sabauda não se mudaram para Macau, é claro que não. Mas ali estava ela enquanto os meus olhos se deixavam enternecer pela imagem.
Há presentes de Natal que parecem caídos do céu.