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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Há lugar para tudo. Para todos também, embora alguns nunca cheguem lá. Durante meia dúzia de horas trocam-se abraços, sorrisos, palavras piedosas, votos e presentes, muitos, sobretudo inúteis, porque faz parte da quadra, do espírito. Tretas. De permeio empanturram-se de bacalhau, de broas, bolo-rei e afins, esquartejam perus, desafiam as leis da natureza com as quantidades colossais de álcool e de doces que ingerem e ficam no ponto para atacar o Ano Novo com redobrado vigor. Até que a sua parte mais genuína volte ao caminho de sempre, ao alheamento, à rotina, aos números, aos atropelos diários, ao esquecimento, à intolerância. Ao ano civil.
O resto é a revisitação do apelo. O reencontro. O que me faz levantar os olhos e olhar para o lado. Não os ver sentindo que estamos juntos. Como se fora aqui. Sem chorar. Saber que apesar de tudo ainda é capaz de gostar de mim mesmo quando não O reconheço nas entrelinhas, no caminho que me fez chegar até aqui. Não será uma bênção. Mas é seguramente uma parte boa. Talvez a única que me consegue confortar.
Feliz Natal.