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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Ontem, pela primeira vez, assisti a uma cerimónia oficial num estado estrangeiro. Levantei-me quando no início da sessão tocou o hino, diferente daquele a que me habituara noutros tempos. Confesso que me senti como se tivesse passado, de certa forma e passe o exagero, da condição de cidadão à de súbdito. E com a dificuldade acrescida de ter de recorrer a um equipamento de tradução simultânea para poder acompanhar a sessão. No final, os presentes levantaram-se enquanto as individualidades, os protagonistas, saíam, envolvidas numa espécie de marcha que conferia elevação, poder e distância a homens que, na essência e não há muito tempo, foram gente como nós.
A afirmação do poder pelo recurso a símbolos é de todos os tempos. Nos poderes mais jovens torna-se crucial. Compreender o porquê das coisas, a razão de ser de certas tradições, conhecer o lugar do outro e o nosso próprio, tudo isso facilita a assimilação desses símbolos e a nossa inserção em mundos alheios. Porém, qualquer que seja a latitude, o modo como se produz essa afirmação do poder estabelece a fronteira entre uma democracia genuína e o mero cumprimento de rituais. É a diferença entre o que se deseja e o que se pode ter.