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por Sérgio de Almeida Correia, em 20.10.15

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Numa cidade que tem visto a qualidade de vida dos seus habitantes decrescer a olhos vistos, que já vê as pessoas manifestarem-se nas ruas para pedirem mais e melhor habitação social devido à especulação do mercado imobiliário e à falta de alternativas de habitação condigna para quem não aufere salários milionários; onde um subconcessionário do jogo se permite fazer do alto do seu palanque apreciações descaradas sobre decisões políticas do governo legítimo da RAEM; onde o presidente do Tribunal de Última Instância se queixa das pressões sobre o poder judicial no discurso de abertura do ano judiciário, numa terra onde aquele mesmo governo se mostra absolutamente incapaz de fazer uma lei de arrendamento equilibrada ou de meter na ordem para protecção dos seus próprios cidadãos a mafiagem das agências imobiliárias que impõe contratos de arrendamento sem a morada ou o número de telefone do senhorio, e em que a sua mediação é tornada obrigatória para poderem cobrar dos arrendatários, que não têm alternativa, comissões anuais equivalentes a meio mês de renda; onde os preços, dos bens de primeira necessidade aos lugares de estacionamento em edifícios residenciais e escritórios, estão há muito cartelizados e a desregulação do sistema de transportes e do estacionamento público é um dado evidente, a preocupação é agora a negociação e aprovação de um código de ética para junkets. O caos na área do jogo é tão grande que ninguém sabe, a começar pelas concessionárias que permitem as operações debaixo do seu nariz, onde andam os milhões depositados nas mãos dos operadores anónimos que floresceram nos últimos anos como se fossem bancos licenciados, cujos milhões são reinvestidos nas mesas de jogo sob a forma de empréstimos aos jogadores e cuja actividade tem uma face visível nas carrinhas de vidros escuros que aceleram pela cidade aos ziguezagues e, noite fora, se plantam em segunda fila à porta dos restaurantes de luxo.

A preocupação com a aprovação de um código de ética para os junkets de Macau afigura-se neste momento tão bizarra quanto seria a aprovação por parte do Governo da RAEM de regras rigorosas para a falsificação de moeda por parte de organizações mafiosas. Como se gente que se habituou a viver e enriquecer à margem da lei com a conivência dos diversos poderes soubesse o que é ética.

Estamos a caminho do ponto de não retorno. Ou a República Popular da China dá dois berros e um murro na mesa e esta gente acorda para Macau poder retomar o caminho de uma autonomia saudável e responsável, em benefício dos seus residentes que sempre tiveram uma vida próspera e tranquila, ou isto descamba de vez.

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